segunda-feira, 23 de julho de 2007

JORNALISTA DEVE ADMITIR POR QUEM TORCE?

Quando ingressei no curso de Jornalismo, na inesquecível Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no início dos anos 90, lembro de um dos primeiros livros da área que li. Foi “Vale a Pena Ser Jornalista?”, de Clóvis Rossi. Em dado momento, frisa o jornalista que “99,99% dos cronistas esportivos torce por algum time”. Ou seja, ninguém em são consciência atua na editoria de Esportes “torcendo só pelo Brasil e isso somente em Copa do Mundo”. O coração do torcedor tem lugar garantido nem que seja para o “Tabajara”. Rossi salientou que, desde que a conduta nos comentários e busca pelas informações seja séria e honesta, não há mal nenhum em revelar a preferência clubística por parte do jornalista.
Há exemplos clássicos de quem é ponderado em seus argumentos. Posso aqui dizer sobre Juca Kfouri, corintiano fanático, que sabe o devido lugar do comentarista e do torcedor. Ou o que dizer de José Trajano, eterno “sofredor” pelo América (RJ)? Ou a própria “palmeirice” (bolei agora isso!) do próprio Rossi? Citar o fascínio tricolor (Fluminense) de Nelson Rodrigues chega a ser covardia (no melhor sentido).
Poucos meses atrás recebi um e-mail de uma ex-aluna, a Roberta, que conclui Jornalismo na Uniandrade (Curitiba), e que se dizia preocupada pelo seu amor ao Atlético (PR). Desejo dela era (ou ainda o é, e deve continuar!) de trabalhar na editoria de Esportes. O receio era o de externar demasiadamente o seu amor pelo Furacão. Então disse a ela: “o maior problema a um jornalista não é quando a fase do time é boa. O maior risco é justamente numa situação crítica do clube numa competição. Aí o emotivo supera o racional e serão ‘achados’ muitos culpados. Dosando na medida exata, você mostra o seu equilíbrio e transparência e, por fim, levanta com propriedade as causas da má fase”. Confesso que “aprendi” com a pergunta da mais nova jornalista do pedaço. Isso é divino!
E é por estas e por outras que não escondo meu amor ao Coritiba. Evidentemente já dei muita “cabeçada” até chegar aqui, mas o essencial é você aceitar os deslizes. Pra expor um caso real, logo após a um fatídico Coritiba e São Raimundo (AM), num zero a zero de doer, fui até a tela do micro e comecei a escrever o texto de abertura de página. Poderia usar o convencional “Coxa irrita torcida” ou “Coritiba não passa pelo São Raimundo” e por aí vai! Resolvi ironizar, dando ênfase ao time amazonense (sendo que a publicação era voltada pra Curitiba). Uma delícia! O texto segue abaixo.

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