quinta-feira, 11 de março de 2010

DIA (STJ)D

O Coritiba tem uma “decisão” fora dos gramados a partir das 13h30, no Rio de Janeiro, na sede do Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Advogados do Coxa vão tentar atenuar a pena de perda de 30 mandos de jogos em Campeonatos Brasileiros e da multa de R$ 610 mil, aplicada após os incidentes ocorridos na 38.a rodada da Série A de 2009, após o jogo Coritiba 1 x 1 Fluminense, dia 06 de dezembro.
O QUE PROVOCOU A PUNIÇÃO
Dezenas – ou até centenas – de torcedores coritibanos (a maioria pertencente a comandos de torcidas organizadas) invadiram o gramado do estádio Couto Pereira e agrediram atletas e parte da comissão técnica do Fluminense, policiais militares, trio de arbitragem e ameaçaram de furto jornalistas, mas sendo que o “foco” eram os jogadores do Coritiba. O estádio foi danificado com as cadeiras arremessadas contra o gramado além de danos às placas de publicidade e “extensão” da violência para as arquibancadas, com torcedores que não estavam envolvidos no vandalismo acabaram se tornando alvo da reação dos policiais militares.

SALDO NEGATIVO
Um policial militar e um torcedor saíram gravemente feridos. Fora do Couto Pereira mais vandalismo e o caso mais grave foi de uma mulher que teve parte da mão esquerda decepada após uma bomba de fabricação caseira ter sido lançada contra o ônibus (do transporte coletivo urbano) em que estava foi atingido. Nenhum dos envolvidos neste ato foi identificado. Já da invasão do Couto Pereira, 14 foram detidos.

A SENTENÇA
No mesmo dezembro do ano passado o STJD aplicou a pena e a multa, mas que fora interpretada como severa e precipitada. O que chamou a atenção foi a triplicação da punição inicial, que está prevista em lei, com perda de mando de dez jogos.

QUEM É RESPONSÁVEL?
Dois dias após a batalha campal, a presidência do Coritiba se pronunciou e, em entrevista coletiva, o presidente Jair Cirino afirmou ter sofrido ameaças de morte por parte de torcedores de organizadas na quinta-feira que antecedeu a realização do jogo.

NINGUÉM PERGUNTOU
Foi receio, falta de competência ou subserviência? O fato é que nenhum – ao menos até onde este blogueiro constatou – repórter presente à coletiva questionou o presidente coritibano sobre a razão dele não ter denunciado as ameaças antes da partida entre Coritiba e Fluminense. E também nada foi questionado sobre quem assumia a queda do alviverde para a Série B.

É BOM FICAR ATENTO
Caso o Coritiba tenha a pena reduzida – o que já vai ser um “ganho” ao clube em termos financeiros -, é bom salientar que em momento algum a diretoria deva ser enaltecida pela “conquista”. Os defensores contratados pelo clube não fazem mais do que seu dever de ofício, enquanto a diretoria não faz mais do que sua obrigação e compromisso com a torcida em atenuar a pena. E é, sim, pelos atos violentos, uma vez que se houvesse planejamento, preparo e prevenção, o vandalismo poderia ser evitado ou tido, no máximo, incidentes isolados.

VEJA SÓ
Recentemente o Sindicato dos Vigilantes da Grande Curitiba denunciou que a empresa contratada pelo Coritiba para prestar serviços de segurança no dia do jogo não tinha alvará de funcionamento e atuava como prestadora de serviços de vigilância e limpeza.

ATO FALHO
A diretoria correu “sério risco” ao contratar serviços de uma empresa específica em vigilância e limpeza. Vai que os profissionais tivessem inventado de vigiar a atuação da cúpula alviverde e chegassem à conclusão de que era necessário desinfetar o clube? Tanto a violência como a queda para a série B teriam sido evitados. Mas como se viu, a empresa era tão relapsa quanto a parte contratante (diretoria coritibana).

POLÍCIA PARA QUEM PRECISA DE POLÍCIA
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná enviou comunicado aberto à população, à época dos incidentes, de que havia um efetivo de “mais de 700 policiais militares para atender ao jogo”. Curiosamente, no domingo último, 07 de março, o esquema de segurança para o clássico Atle-Tiba pela 12.a rodada do Paranaense teve uma forte presença dos PMs (nesse caso ficou evidente que o número de PMs estava dentro dos 700 previstos). E nenhum incidente grave foi constatado.

4 comentários:

Luiz Carlos Betenheuser Jr disse...

Muito boa análise. Aliás, o que faltou aqui em Curitiba pra muita gente que analisou os FATOS de forma superficial.
pa
z

Luiz

Luiz Carlos Betenheuser Jr disse...

Ah! E MUITO bem bolado o título, Luciano.

Também gosto de "brincar" com o som e a imagem das palavras.

GladsonPendragon disse...

Boa análise. Acredito que o valor monetário imposto é alto demais, mas que a pena de jogos deva ser exemplar, para criar jurisprudência em casos semelhantes no futuro, que infelizmente vão acontecer.

O clube também deveria ser responsabilizado pela perda da mão da mulher e dar toda a assistência médica que ela necessita.

Maurício Rech disse...

Luciano,

vale mencionar que o fato da mão da enfermeira foi uma bomba atirada por "torcedores" do atlético contra um onibus que tinham torcedores do Coritiba (fato relatado pelo motorista em depoimento)

Muita coisa é caso de segurança pública, e não dos clubes. Vemos incidentes como no jogo entre Palmeiras x Atletico onde um torcedor estava armado no meio da torcida. Você já imaginou se existisse um torcedor armado no ultimo confronto do Coritiba no ano passado, o que poderia acontecer? Será que a segurança do Coritiba foi tão falha assim? ...